No dia em que sai mais uma grande entrevista ao Presidente do Sporting Clube de Portugal, neste caso concedida à Marca, é o momento certo para uma reflexão, que considero relevante, sobre a Comunicação dos Clubes em Portugal.
Existe quem chame “guerra de comunicações”. Pouco importa quem começa, quem provoca, quem difama. Tudo é colocado ao mesmo nível, num contexto de desonestidade jornalística e intelectual que devia envergonhar quem o faz.
No fim do dia, em Portugal, neste mundo do futebol que fede faz décadas, tudo não passa de estratégias de pressão e de criação de ilusões nos adeptos.
Existem três estratégias bem definidas neste momento que é preciso clarificar de vez (e ir relembrando sempre que necessário):
1. FC Porto – Cada vez mais debilitado e, por isso, à beira de poder apresentar prejuizos históricos, o FC Porto tenta aproveitar este momento de transformação do futebol português para um subtil condicionamento dos árbitros relativamente às suas actuações nos jogos do Sporting CP. Uma mensagem subliminar de que estão a ser prejudicados e de que, simultaneamente, o Sporting CP está a ser “beneficiado”. Não interessa se levaram um “banho de bola” em Alvalade. Aliás, as três derrotas nos últimos três jogos não lhes dão o sinal claro de que a diferença não está nas arbitragens. Ou melhor, dão, e por isso aí está a tentativa de condicionamento para tentar suprir essa diferença qualitativa que se tem verificado dentro de campo.
Por algum motivo menosprezam o Benfica e começam a apontar a sua estratégia contra o Sporting CP. De forma subtil, serena, mas perfeitamente coordenada e sincronizada para que a mensagem vá ficando no subconsciente dos árbitros e produza o seu efeito;
2. Benfica – Geridos por um “exilado” no Dubai que não só acha que Cristiano Ronaldo foi formado no Benfica – e por isso lhes deu um prémio de excelência na formação –, como está convencido de que pode continuar a gerir a comunicação do Benfica com posts constantes e entrevistas que visam minar e diminuir o trabalho que o seu sucessor está a tentar fazer. O Dubai cada vez mais se associa a erros constantes de história e de actuação. Com isto se vai escondendo uma gestão frágil e uma liderança inexistente. Se dúvidas existissem, este último mercado veio demonstrar esse facto.
Uma entrevista encomendada com o Presidente do Benfica a poder verbalizar tudo o que já tinha combinado dizer com os entrevistadores, explicando num discurso preparado, palavra por palavra, um projecto que assenta na formação e projecção do Benfica.
Todos aplaudiram a encenação esquecendo-se de que este projecto já foi apresentado inúmeras vezes. Relembrando palavras do mesmo em anos anteriores: “Vamos apostar na formação e ser a base da Selecção Nacional” – basta ver que nas equipas campeãs da Europa de sub-17 e seniores estiveram 17 jogadores nossos e formados no Sporting Clube de Portugal, enquanto dos dois rivais a cifra é de apenas 5; “Se não tiver 300 mil sócios vou-me embora” –, basta ver que são apenas pouco mais de metade desse numero e o Sporting CP se aproxima a passos largos; “Vamos formar uma equipa para ser Campeões Europeus” –, nada a apresentar a não ser algo de menor dimensão mas de relevância europeia que foram duas finais da Liga Europa, porém na era de Jorge Jesus, o tal que, na boca do presidente do Benfica “não é um treinador de projectos a médio e longo prazo” –, basta ver que esteve lá seis anos e lhes deu 11 títulos e a tal possibilidade de disputar duas finais da Liga Europa. O projecto a médio e longo prazo deve assim ser o dos 6 primeiros anos.
Este grandioso projecto que agora recuperou no discurso já foi apresentado por tantas vezes e não concretizado que acreditará nele quem quiser. Depois vêem os “cães de fila”, devidamente instruídos, aplaudir e dizer que enquanto o Presidente do Benfica deu explicações e explicou detalhadamente o seu projecto, o tal que promete sempre mas nunca cumpre, o Presidente do Sporting CP não deu qualquer explicação. Mas as perguntas feitas ao Presidente do Sporting CP tiveram o intuito de permitir alguma explicação? Porque não falar do magnífico desempenho financeiro realizado até ao momento, depois de um período de pré-falência? Do magnífico período de mercado que trouxe para Portugal jogadores de gabarito mundial e da concretização de algumas das maiores vendas de sempre do futebol português? Porque não falar de como se consegue em menos de um mandato, e num Clube no estado em que estava, ter 4 vendas nas 10 melhores de sempre do Sporting CP (1- João Mário, 2- Slimani, 4- Rojo e 10- Bruma)? Porque é que não se pergunta como é que, sem a ajuda de “superagentes” se faz a maior venda de sempre de um jogador português? Porque é que não se fala do melhor negócio de direitos televisivos feito em Portugal que foi protagonizado pelo Sporting CP como acabou por confirmar o próprio Presidente do Benfica na sua entrevista/bajulação? Porque não falar da quase conclusão da construção do melhor e maior pavilhão dos Clubes em Portugal? Porque não falar no investimento ímpar nas diversas modalidades que têm sido alvo de vários elogios na imprensa estrangeira? Porque é que não se fala do facto de que as principais propostas de alteração ao funcionamento do futebol mundial terem sido apresentadas pelo Presidente do Sporting CP, quase desde o inicio do seu mandato – apesar de terem sido desdenhadas por quase todos em Portugal –, já foram ou estão a ser implantadas pela UEFA, FIFA e International Board? Porque é que não se fala das inúmeras entrevistas feitas em Alvalade, a pedido das entidades, ao World Soccer Magazine, FourFourTwo, BBC, New York Times, Marca, Eurosport, Bloomberg e tantos outros órgãos de comunicação social de prestigio em Inglaterra, França, Itália e América do Sul, todas elas sobre o Clube e o seu Presidente como exemplo de gestão para o mundo do futebol e a consequente ascensão meteórica no plano desportivo, da imagem e prestigio do Sporting CP em termos nacionais e internacionais?
Depois vem a pressão pelo grito, ameaça e injúrias aos árbitros, elementos do Conselho de Arbitragem e membros da APAF.
Por fim a temática gasta da contratação do filho do Presidente do Conselho de Arbitragem pelo Sporting CP, como forma de este ter de “prejudicar” o Clube para mostrar a sua isenção. Não vimos essa preocupação quando esse Presidente era sócio cinquentenário do Sporting CP. Será que aí, para os intelectuais do comentário, não se tratava de uma situação “pouco ética”? Ou o facto de o Presidente do Benfica ter sido sócio dos três grandes dá-lhes uma segurança de que isso de ser sócio, para alguns, não passa de um proforma? Talvez ao Benfica bastasse dizer que também queria contratar o miúdo mas que este escolheu o Sporting CP. Talvez o facto de 10 dos 14 jogadores que ganharam a final de Paris, tornando Portugal Campeão Europeu pela primeira vez na história, tenha pesado na escolha que fez.
3. Sporting Clube de Portugal – Esforço, Dedicação e Devoção diárias para atingir a Glória que é apanágio deste Clube.
Bem sei que dificilmente a comunicação social pegue neste post que põe a nu as estratégias que estão e continuarão a ser seguidas pelos três Clubes. Mas fica o aviso sério de que estamos atentos e não deixaremos vingar este modo de criar ruído para esconder debilidades e de fazer pressão sobre a arbitragem, seja na entidade que a tutela ou na sua associação ou directamente nos árbitros que a exercem.
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