30 de junho de 2012

Uma potência sempre em movimento


















                                              106 anos de paixão
O Sporting completa 106 anos no próximo dia 1 de Julho e preparou uma cerimónia especial para toda a família «leonina».

Como já referimos em textos anteriores, tudo começou nos alvores tão românticos como turbulentos do século XX, em 1902. Mas, com outra visão sobre desporto, um grupo de jovens decidiu fundar um clube onde fazer exercício tivesse maior evidência. Em 1904 foi fundado o Campo Grande Football Club e em 1906, por causa de um desentendimento, acabou por nascer o Sporting.

Em 1912, os «leões» ganharam o seu primeiro Campeonato de Lisboa de Futebol, ainda em quartas categorias. No mesmo ano, em ciclismo, Laranjeira Guerra venceu o Porto-Lisboa tornando-se um percursor de ciclistas brilhantes como Alfredo Trindade, João Roque, Leonel Miranda, Marco Chagas e o maior de todos, o saudoso Joaquim Agostinho. Classificações brilhantes na Volta à França, entre elas um terceiro lugar, e um segundo lugar na Volta à Espanha – sem contar os grandes triunfos em Portugal – transformaram Agostinho numa das lendas e símbolos do Sporting.

No mesmo ano, e numa modalidade muito em voga à época, a luta de tracção à corda, o Sporting revelou-se a grande potência: nunca foi derrotado enquanto houve competições da especialidade.

Ainda em 1912, o polivalente António Stromp brilhou nas provas de 100 metros (4.º lugar na eliminatória) e 200 metros dos Jogos Olímpicos de Estocolmo. António Stromp foi o primeiro atleta olímpico sportinguista.

Já em 1917, o Sporting mudou de instalações. José Alvalade fizera construir o Stadium de Lisboa (em 1914), mas divergências quanto à sua utilização entre o fundador e a Direcção eleita em 1916 levaram os responsáveis sportInguistas em exercício a procurar uma solução. Arrendaram um terreno nas visinhanças, no Campo Grande 412, e aí construiram um estádio sob projecto do arquitecto António do Couto que foi casa do Sporting durante 30 anos. A vida do recinto, porém, prolongou-se por mais algumas décadas, pois foi utilizado pelo Benfica, com solidariedade do Sporting quando se mudou das Amoreiras. Ficou popularmente conhecido pela “estância de madeira” e situava-se no terreno onde assentava a área sul do Estádio José Alvalade.

Nos anos vinte aconteceu a primeira vitória do Sporting no Campeonato de Portugal de Futebol (1922/23). O jogo decisivo foi em Faro, em 24 de Junho de 1923, com triunfo por 3-0 frente à Ac. Coimbra. Joaquim Ferreira marcou dois golos e Francisco Stromp marcou o último e abandonou o futebol, em 1924.

As secções de natação, pólo aquático e râguebi iniciaram então actividade. Foram, aliás, o histórico atleta Salazar Carreira e o Sporting que introduziram a modalidade em Portugal.

Um dos momentos marcantes aconteceu em Outubro de 1928. O futebol do Sporting passou a vestir-se com camisolas às riscas horizontais verdes e branca. Esta mudança deveu-se, em boa parte, ao râguebi, mas também porque num jogo frente ao Benfica, disputado sob temporal, os jogadores mudaram de equipamento ao intervalo e regressaram para a segunda parte com as camisolas do râguebi. O Sporting ganhou o jogo e... um novo equipamento.

A série de vitórias nos Campeonatos de Portugal, em futebol, continuou nos anos trinta: 1933/34, 1935/36 e 1937/38. Nesta década, o Clube somou títulos em ténis, ciclismo, râguebi (a nível regional), tiro, hóquei em patins, patinagem, ginástica e esgrima.

O lendário avançado-centro Fernando Peyroteo, que ingressara no Sporting em 1937, emergiu em 1938 como melhor marcador do Campeonato da I Liga, com 34 golos.

Muito se fala hoje da «cantera leonina» e a verdade é que há mesmo razões para a fama das escolas do Sporting. O primeiro título «nacional» de juniores aconteceu em 1938/39 e, ao longo da histórias, são muitos os feitos das camadas jovens do Clube de Alvalade. O Mundo conhece Cristiano Ronaldo, Figo ou Futre, mas outras tantos têm feito, ao longo dos tempos, as delícias dos apaixonados do futebol fora de portas.

Nas modalidades, o atletismo começou a sua inigualável colheita de Campeonatos Nacionais em pista a partir dos anos 40 e até 1960 conquistou 12 títulos nacionais. Em corta-mato ou cross foram 10 as vitórias colectivas no mesmo período.

De notar que em 1945 o Sporting fundou as primeiras escolas de natação em Portugal – “País de marinheiros”, mas onde mal se nadava. O Sporting já tinha aberto um posto naútico nos anos vinte, mas depois acabou por ir mais além no que se refere à modalidade.

Em 1941 começaram os títulos no andebol e na década de 50 outras grandes conquistas no bilhar, esgrima, ténis, ténis de mesa, badminton, automobilismo, voleibol, basquetebol.

Em atletismo, Manuel Faria, fundista de grande prestígio, antecessor de Manuel de Oliveira, Carlos Lopes, Fernando Mamede e dos irmãos Castro, venceu as famosas corridas de São Silvestre de São Paulo, em 1957 e 1958, até então os maiores feitos do atletismo português juntamente com o 4.º lugar do saltador em comprimento, Álvaro Dia, no campeonato da Europa.

Em 6 de Junho de 1960, o Sporting foi declarado Instituição de Utilidade Pública.

Foi também na década de sessenta o ponto mais alto do futebol, com a conquista da Taça Europeia dos Vencedores de Taças,em 1963-64. A vitória nessa campanha, na qual poucos acreditavam, foi obra de uma equipa unida, primeiro liderada por Gentil Cardoso, e depois pelo arquitecto Anselmo Fernandez, e na qual pontificavam, entre alguns outros, grandes nomes do futebol «leonino» e nacional como Carvalho, Pedro Gomes, Mário Lino, Alexandre Batista, José Carlos, Hilário da Conceição, Fernando Mendes, Geo, Pérides, Osvaldo Silva, Figueiredo, Mascarenhas e João Morais, autor do canto directo, em Antuérpia, com o qual se decidiu o vencedor da prova.

Com a extinção da Taça das Taças, em 1998/99, o Sporting tornou-se assim o único Clube português a poder ostentar este título histórico. 

Entre 1960 e 2001/02, a equipa de futebol do Sporting venceu mais sete Campeonatos Nacionais e alcançou, até àquela data, 13 Taças de Portugal. A formação continuava a conquistar inúmeros campeonatos.

Pelo meio, em 1974, no Sporting destaca-se Hector Yazalde, o «Chirola», que apontou 46 golos. O ponta-de-lança conquistou, inclusivamente, a Bota de Ouro dos goleadores europeus. O seu recorde ainda hoje não foi batido. Em 2002, Mário Jardel tornou-se o segundo jogador do Sporting a conquistar essa distinção europeia.

No hóquei em patins, o Sporting registou uma gloreosa vaga europeia entre 1975 e 1990, com a Taça dos Campeões Europeu, três Taças das Taças e uma Taça CERS. 

O atletismo continuava a ser uma constante de orgulho. Carlos Lopes conquistou três Campeonatos Mundiais de Corta-Mato, uma medalha de ouro e uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos e empolgou o País com a vitória na maratona Olímpica de Los Angeles, em 1984. Já Fernando Mamede foi recordista mundial dos 10 000 metros durante cinco anos e recordista europeu da mesma prova durante 15 anos.

No ano 2000, a equipa de atletismo do Sporting venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus, em pista, feito único no desporto português. Depois de Carlos Lopes, Fernando Mamede e os irmãos Castro (todos com medalhas e recordes internacionais), Rui Silva, Naide Gomes, Francis Obikwelu, entre outros, são atletas de expressão mundial que interpretam a vocação ganhadora do Sporting além-fronteiras.

O andebol, uma modalidade com mística no Clube, conquistou um pentacampeonato entre 1968/69 e 1972/73. Já no ciclismo, João Roque, Leonel Miranda, Joaquim Agostinho e Marco Chagas brilhavam em estradas portuguesas e estrangeiras.

O ténis de mesa do Sporting também amealhava títulos, numa quantidade extraordinária. Só entre 1984/85 e 1994/95 alcançou 11 Campeonatos Nacionais consecutivos.

No bilhar, os sportinguistas, assumiam igualmente um bom nível europeu.

O novo ciclo

Em 1996, o Sporting iniciou um novo ciclo de vida, por acção de José Roquette e outros dirigentes. Foram aprovados Estatutos adequados à realidade dos tempos modernos e lançaram-se as bases de um grupo empresarial. A criação da Sociedade Desportiva de Futebol SAD, admitida na Bolsa, aconteceu em 1998.

Além disso, o Clube assumiu e dinamizou medidas no sentido de estabelecer a transparência no desporto e nas relações deste sector de actividade com as instâncias fiscais e de segurança social.

No âmbito do processo transformador o Sporting avançou de maneira determinada, e ainda antes de Portugal se abalançar na candidatura à organização do Euro 2004, para a modernização das infraestruturas.

Estas acções ficaram conhecidas como «Projecto Roquette».

Ainda em 1998, o Sporting iniciou todo o processo de idealização e construção de um estádio de nova geração, ao nível dos melhores do mundo, que veio a ser inaugurado, sob a presidencia de António Dias da Cunha, em 6 de Agosto de 2003, numa noite emocionante e inesquecível para todos os sportinguistas.

Antes da inauguração do novo, e actual, Estádio José Alvalade, já funcionava a Academia Sporting, em Alcochete, um empreendimento que correspondia e corresponde a um grande esforço para aprofundar a capacidade e qualidade desde sempre revelada pela famosa escola de talentos do Sporting Clube de Portugal.

O actual Sporting

Para além do Estádio e da Academia, o Sporting Clube de Portugal tem no seu interior o Multidesportivo, onde cerca de 2000 praticantes aprendem as mais diferenciadas modalidades.

O andebol e o futsal, apesar de jogarem «fora de casa», no Pavilhão Casal Vistoso, Pavilhão Paz e Amizade e do Inatel, continuam a utilizar Alvalade como a sua casa para a pratica dos treinos diários.

O Atletismo também perdeu a sua pista de tartan, mas os atletas «leoninos» trabalham no Centro de Alto Rendimento do Jamor, na Cidade Universitário ou ainda na Pista Professor Moniz Pereira.

O futebol trabalha até aos escalões dos iniciados na Academia, mas os mais pequeninos preparam-se mais próximos da casa mãe, no Estádio Universitário de Lisboa.

O Multidesportivo oferece actividades para praticantes dos seis meses, aos «jovens» com mais de 80 anos de idade. A ginástica continua a ser um marco na história do Clube, bem como a natação, mas as modalidades de combate tambem não lhes ficam atrás.

Para além disso, é nas instalações do Estádio que funcionam todos os serviços: Conselho Directivo, Sporting SAD, são um dos exemplos.

Refira-se que é no Estádio José Alvalade que também é elaborado o jornal Sporting, a publicação mais antiga de Clubes na Europa (já com 90 anos de existência) e o site oficial do Clube www.sporting.pt. A comunicação também cresceu e acompanhou os tempos. Actualmente o Sporting tem ainda uma página oficial no facebook para os seus apaixonados.

Outra obra inigualável é o Museu Mundo Sporting, um espaço extraordinário onde se pode sentir um século de vida do Clube e viver com todo o entusiasmo uma História tão «leonina». O Museu Mundo Sporting foi inaugurado em 2004 e é, sem dúvida, um espelho de 106 anos empolgantes.

No Estádio existe ainda o Centro de Atendimento aos Sócios, a Loja Verde, ambos a funcionar no Alvaláxia Shopping e Lazer.

Ao mesmo tempo que os atletas sportinguistas lutam pelas vitória, em todas as frentes, as comemorações dos 106 anos de existência do Sporting coincidem com esforços permanentes dos dirigentes (este ano com Luís Godinho Lopes na presidência do Conselho Directivo) de modo a que o Clube esteja cada vez mais preparado para os desafios do presente e do futuro, capaz de viver com as próprias forças.

Não podiamos deixar de dar uma palavra aos Núcleos, Filiais e Delegações Sportinguistas que pelo Mundo fora honram, dignificam e defendem com toda a garra o bom-nome do Clube de Alvalade, bem como, a todos os sócios e adeptos sportinguistas que a cada jornada dizem presente no apoio incondicional aos seus ídolos. Outra palavra para os pais que preferem trazer os seus filhos para um Clube que tem como missão promover uma sólida formação, baseada em valores desportivos, pessoais e sociais de excelência e, aos filhos, que se sentem honrados por defender as cores verdes e brancas. A todos eles dizemos: Foi a ambição de ganhar e de fazer do Sporting um dos maiores Clubes da Europa que nos torna um dos maiores clubes portugueses e um dos maiores a nivel europeu.

Os 106 anos de existência do Sporting Clube de Portugal são 106 anos de dedicação, paixão e ambição. Por isso, todos os que viveram o passado e vivem o presente estão de parabéns!

Um Grande Capo

25 de junho de 2012

Lobo Ibérico



                                                        

                                                        Grupo Lobo

Amanhã é sempre longe demais

Renascença Portuguesa


EDITORIAL 
Em Janeiro de 1912, Teixeira de Pascoaes escrevia: “Neste momento genesíaco e caótico da nossa Pátria, é necessário que todas as forças reconstrutivas se organizem e trabalhem, para que ela atinja rapidamente a sonhada e desejada harmonia.”.


Segundo Raul Proença, importava “dar uma alma nova à nossa nacionalidade, despertar a acção e vida nesta existência e modorra”.Decorridos 100 anos sobre a génese da Renascença Portuguesa, que um dia Jaime Cortesão havia sonhado, com o propósito “de fundar uma Associação dos artistas e dos intelectuais portugueses, com o fim principal de exercer a sua acção isenta de facciosismos políticos”, uma “acção social orientadora educativa”, o seu legado está ainda por se cumprir.Tendo sido criada para dar uma orientação maior, superior, à República, esta, infelizmente, preferiu seguir outros caminhos, mais imediatos, com os resultados que se conhecem.


Por isso, ficou a promessa da Renascença Portuguesa parcialmente adiada, não obstante todas as sementes que então se lançaram à terra e alguns frutos que, na época, ainda foi possível colher: falamos, em particular, das Universidades Populares e da ainda hoje impressionante série de edições, que visavam promover uma elevação cultural e cívica de todo o povo português.Na altura, a Renascença Portuguesa foi, de facto, o mais marcante movimento cultural e cívico, que agregou as mais insignes personalidades da época, sendo, ao mesmo tempo, a voz de uma nova geração que emergia e se afirmava.


Se o seu legado não se cumpriu plenamente, o seu exemplo de dedicação à comunidade pátria persiste por inteiro ainda hoje, para que as gerações de hoje cumpram esse legado, essa tarefa.Por tudo isso, a NOVA ÁGUIA evoca, neste número, os 100 anos da Renascença Portuguesa. Se há 100 anos importava fazer renascer Portugal, quem não dirá o mesmo hoje? Se Portugal há 100 anos parecia morto, quem, hoje, dirá o contrário? Ao evocarmos os 100 anos da Renascença Portuguesa, evocamos pois uma memória viva, de tal modo que quisemos aqui, neste número, olhar sobretudo para a futuro, para a frente. Daí a questão que colocámos: como será Portugal daqui a 100 anos? Decerto, um desafio ousado, mas quisemos sobretudo abrir Horizontes, porque sem Horizontes não há caminho que valha.


*Constituindo, essa, a secção principal, houve espaço, como sempre tem acontecido, para outras temáticas. Assim, para além de textos ainda sobre Álvaro Ribeiro (autor destacado no número anterior), publicamos, neste número da NOVA ÁGUIA, textos sobre outras figuras, nomeadamente sobre algumas personalidades mais ligadas à Renascença Portuguesa: falamos, entre outros, de Sampaio Bruno, Guerra Junqueiro e Jaime Cortesão.Como sempre, houve também lugar para outros voos – nomeadamente, até à Galiza (“Ernesto Guerra da Cal, Mestre da Nova Galeguidade. Notas para um Centenário”), ao Brasil (“Sílvio Romero: O Elemento Português no Brasil”), a Timor-Leste (“A Lusofonia em Timor-Leste – Além da mera sobrevivência da Língua Portuguesa”) e a Cabo Verde.A respeito da Mátria de Cesária Évora – cuja memória aqui sentidamente evocamos –, publicamos, de resto, três textos: de António Braz Teixeira (“A Saudade na Poesia da Claridade”), de Elter Manuel Carlos (“A singularidade da leitura do olhar cabo-verdiano”) e de Adriano Moreira – falamos do Discurso que proferiu, recentemente, ao aceitar o título de Doutoramento Honoris Causa por parte da Universidade do Mindelo: “Uma Meditação sobre a Universidade”.Depois de já termos publicado três números sobre personalidades ligadas à Renascença Portuguesa – Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva (para além do número que dedicámos aos “100 anos d’A Águia”) –, o mesmo acontecerá, de novo, já no próximo número, cujo tema maior será: “Leonardo Coimbra – Razão e Espiritualidade: nos 100 anos d’O Criacionismo (Esboço de um Sistema Filosófico)”. Uma vez mais, um grande número da NOVA ÁGUIA em perspectiva.

19 de junho de 2012

Amanhã no Museu do Oriente

Auditório 21.30

Teresa Salgueiro apresenta o seu mais recente álbum, O Mistério.
O seu percurso de 25 anos de dedicação ininterrupta à música culmina agora na criação de uma oficina de composição, cujas peças nascem do encontro da intérprete com os músicos que escolheu.

E, pela primeira vez, dedica-se à composição das músicas e à escrita das letras de todos os temas, que tratam de uma reflexão sobre a dimensão humana perante o mistério da vida. Esta música foi pensada especificamente para ser reproduzida ao vivo.

Em palco é recriado o leque das diversas emoções presentes nos diferentes temas, partilhando com o público a alegria da construção da música e da energia geradas em cada concerto.


 Preço: € 22,00 (desconto de 25% para menores de 25 anos e maiores de 65; desconto de 30% para grupo de 10 pessoas ou mais)
Duração: 90’, sem intervalo
M/3

18 de junho de 2012

Pessoa e Ophélia

Neste livro a ideia comum de que estaríamos perante um namoro platónico, sem réstia de erotismo, desfaz-se por inteiro. Vemos, enfim, surgir um Pessoa diferente do outro lado do espelho. Um Pessoa não só sujeito e manipulador da escrita, mas um Pessoa indefeso, objecto do discurso (e do afecto) de outrem, personagem de uma história real.
"O meu destino pertence a outra Lei, de cuja existência a Ophelinha nem sabe...", escreveu Fernando Pessoa numa carta a Ophélia Queiroz.Excerto do filme "Mensagem", dirigido e montado por Luis Vidal Lopes, estreado no cinema S.Luiz, em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1988 e baseado no livro homónimo de Fernando Pessoa. Argumento e texto de Manuel Gandra e Luis Vidal Lopes. Poemas, cartas e textos originais de Fernando Pessoa. Fotografia de Manuel Costa e Silva. Produção de Cristina Hauser. Filipe Ferrer no papel de Fernando Pessoa. Cristina Hauser no papel de Ophélia.

"Acordar a vizinhança"

Inéditos de Álvaro de Campos são em prosa 


Foram descobertos e são lançados esta segunda-feira mais de 40 inéditos em prosa de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa.


A investigação sobre a obra de Fernando Pessoa não pára de revelar inéditos. É lançado esta segunda-feira um novo livro que dá a conhecer mais de 40 textos em prosa de Álvaro de Campos - um dos heterónimos de Pessoa. 30 anos depois da primeira publicação de "O Livro do Desassossego", a prosa de Álvaro de Campos mostra que Pessoa era afinal mais do que um poeta.

Jerónimo Pizarro, o colombiano responsável pela cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Universidade dos Andes em Bogotá explica que "historicamente sempre começamos por publicar o poeta e falamos de Fernando Pessoa sempre como poeta e não como escritor. Mas Pessoa escreveu muita prosa, talvez mais prosa do que poesia." Este investigador conclui que "nos heterónimos podemos ter um Alberto Caeiro que é mais poeta que prosador, mas temos um Álvaro de Campos que é prosador e poeta".

Engenheiro naval nascido em Tavira, Álvaro de Campos é o heterónimo do qual são conhecidos textos em verso como a "Ode Triunfal" ou "Tabacaria" e alguns textos em prosa publicada há muitos anos e que agora são reeditados juntamente com os inéditos. Os inéditos mostram "uma prosa muito mais provocadora, mais extrovertida como o próprio Campos e muito mais chocante. É uma espécie de Bernardo Soares, mas mais para acordar a vizinhança, como dizia Álvaro de Campos" diz o coordenador da obra.

Jerónimo Pizarro, que trabalhou com os investigadores pessoanos António Cardiello e Jorge Uribe no livro "Prosa de Álvaro de Campos", explica que há dados curiosos nestes inéditos agora revelados. O coordenador desta edição diz que o engenheiro naval Álvaro de Campos nem sempre partilhava a opinião com  Pessoa, pelo menos sobre literatura. "O mais interessante é que não temos apenas mais uma vez Fernando Pessoa a falar sobre Shakespeare e Goethe. É a opinião de Álvaro de Campos com outra perspectiva e a discordar de Pessoa".

O livro de "Prosa de Álvaro de Campos" com a chancela de Ática, é apresentado esta segunda-feira pelo escritor Onésimo Teotónio de Almeida, às 18h30 na Fabrico Infinito em Lisboa.

rr.sapo.pt/

13 de junho de 2012

Mariza-Quinta da Regaleira-Sintra

                                   
Do "Cavaleiro Monge" ou "Do vale à montanha" ali se diz o seguinte: (...) "O "cavaleiro-monge" remete-nos à imagem dos cavaleiros templários - monges e simultâneamente soldados. O poema descreve um percurso iniciático, cheio de obstáculos, que o cavaleiro-monge e o cavalo de sombra percorrem. Mas ele diz: "caminham secretos", "sozinhos", "em mim". Ou seja, reforça-se que Pessoa fala de um rito de iniciação, de um caminho, de o acesso a uma verdade vedada ao comum dos mortais. É o conhecimento absoluto, verdade secreta guardada pelos iniciados, porque apenas por eles pode ser compreendida e aceite. Lembre-se que o percurso é uma fase essencial do processo esotérico - as referências ocultas referem sempre o "processo da obra" ou "os passos da obra", referindo-se à maneira como os elementos são processados pela alquimia, na busca final do ouro espiritual. Tudo são simbolos e os elementos neste caso é a própria alma do poeta. Pensamos que Pessoa tem de Deus uma noção quase objectiva, à semelhança dos gnósticos. Pessoa acredita no acesso a Deus, iniciando-se nos seus mistérioe e não o vê feito de um elemento diferente do elemento humano, apenas superior, mais espiritual, avançado. Em resumo diriamos que o poema "Do vale à Montanha" representa mais um passo no conhecimento oculto de Fernando Pessoa e deve ser lido em conjunto com os outros poema esotéricos. Citando alguns: "Além-Deus", Os Passos da Cruz", "Á sombra do monte Abiegno", "Magnificat" "(...).

                                           

                                         Passos de Pessoa

11 de junho de 2012

Vale tudo!?



Tenho que dar os parabéns a este atleta!Conseguiu acabar os dois jogos deste fim de semana,sem levar um único cartão.Grande obra de arte!Consegue também a proeza de não acabar com as carreiras dos atletas do Sporting envolvidos fisicamente na jogadas,mas provavelmente com a de um dos treinadores mais prestigiados da modalidade.De realçar que os jogos foram transmitidos na RTP1!Sem dúvida uma bela maneira,de proporcionar serviço público,às milhares de crianças que assistiam aos jogos em directo.Abrilhentada,pelos elogios dos comentadores da estação,à exibição do referido atleta.
Já para não falar dos iluminados,que se lembram de levar tochas para dentro de pavilhões(isto serve para os adeptos dos dois lados).
A camisola que o referido atleta enverga,tal como a medalha que vai receber no final da competição, assenta-lhe como uma luva.Mais uma vez,os meus parabéns.

Saudades da minha alegre casinha:














P.S-O vale-tudo é uma modalidade de luta com contacto pleno (full contact) em que os adversários nem sempre precisam seguir um único estilo de arte marcial.

10 de junho de 2012