27 de junho de 2016

Portugueses continuam a queimar dinheiro na CGD e na Banca


Os contribuintes vão ser chamados a injectar 4 mil milhões de euros, ou mais, na Caixa Geral de Depósitos. Nos últimos 15 anos, outro tanto já foi despejado no banco do Estado. Do lado dos privados, ainda não se sabe se vamos receber de volta os milhares de milhões do Novo Banco, enquanto o BPN, o BPP e o Banif nos vão custar quase 9 mil milhões de euros. É a factura, paga por todos, dos erros de alguns. 
Ter um “banco do Estado” sai caro, e muito. Se o aumento de capital deste ano se ficar “apenas” pelos quatro mil milhões de euros, as injecções de dinheiro feitas pelo Estado na Caixa Geral de Depósitos desde o ano 2000 ter-se-ão elevado a um total de nove mil milhões.
A esquerda radical, que parecia detestar a banca até chegar à vizinhança do poder, diz hoje que os dividendos da Caixa compensam os aumentos de capital. Mas esta desculpa de sabor “liberal” está longe de corresponder à realidade: a Caixa não paga dividendos desde 2011. No total, mesmo com o papel preponderante que ocupa na economia portuguesa, a CGD apenas registou 12 milhões de lucro facial, o que mesmo assim é uma melhoria face aos prejuízos contabilizados de mais de mil milhões no ano passado.
Em causa, neste novo aumento de capital, estão vários créditos ruinosos concedidos, muitos deles entre 2005 e 2007, quando o antecessor socialista de António Costa, José Sócrates, era primeiro-ministro, e Armando Vara estava na administração da Caixa Geral de Depósitos.
Dividendos mínimos
Um dos casos que está em investigação é o do Vale do Lobo, um empreendimento de luxo no qual Armando Vara incentivou a Caixa a investir, e que pode resultar em quase 400 milhões de perdas para o banco do Estado. Mas também existem investimentos ruinosos em auto-estradas cuja rentabilidade se mostrou muito abaixo do previsto, ou mesmo os créditos aos vários projectos do Grupo Lena — entre os quais o TGV — que aumentaram ainda a exposição da Caixa a perdas com crédito malparado.

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