Londres é a capital do Mundo, sem dúvida. Só superada pela capital do Universo – que será Nova Iorque. Londres é a História da Europa, é a educação social, é a arquitectura que nasceu após o grande incêndio, é o sinónimo de estabilidade de vida e do multiculturalismo… Bem, Londres é, mas o verbo dirige-se para o passado à medida que a capital caminha velozmente num pantanoso presente.
Já por aqui falei que Londres não é de todo a cidade mais criativa do mundo. Aliás, por estas bandas, até se olha meio de lado para quem quer reinventar a roda. E isso tem uma explicação: os ingleses são, na sua essência, moderados e ponderados. Qualquer mudança tem de ser pensada, analisada e discutida bem antes de qualquer primeiro passo ser dado.
A crise mundial e europeia trouxe uma nova realidade. Londres será das cidades do mundo que mais recebeu imigrantes desde 2008. É cada vez mais difícil encontrar um inglês a trabalhar em Londres e ainda mais difícil é encontrar um londrino em Londres. Não são só os árabes, indianos e paquistaneses a povoar a cidade. Ouve-se cada vez mais português, espanhol, francês e italiano nas ruas da capital inglesa.
A visão de uma Londres de respeito onde as regras sociais eram a base forte que sustentava a vida em comunidade é uma visão cada vez mais desactualizada. A vinda de imigrantes em grande escala para Londres desvirtuou a sociedade londrina. Ainda que, a bem da verdade, tenha de ressalvar que essas bases não desapareceram totalmente pelo facto dos imigrantes terem a necessidade de encontrar algo em comum quando aqui chegam: adoptando alguns dos hábitos locais. Mas cada vez menos.
Os imigrantes vêm para Londres com um objectivo claro: fugir às dificuldades dos seus países. Aqui, em Londres, abrem os seus negócios e esperam os dias dourados que a sua imaginação prometeu.
Por isso, Londres assiste a um cenário que me faz lembrar os dias que antecederam a crise do sul da Europa. Espero estar enganado. A bolha imobiliária é ridícula e estrondosamente grande. E promete crescer nos próximos tempos: já custa tanto uma casa nos subúrbios como no centro da cidade.
Com o ordenado mínimo a rondar as mil libras e as rendas de quartos (só quarto, em casa partilhada) a chegarem às 800 libras, não é difícil prever o futuro: mais dificuldades em pagar as contas, mais pedidos de ajuda ao Estado… Onde já vimos este cenário?
O Governo quer começar a reduzir a população já em 2019… Nessa altura, se efectivamente houver uma redução de população, a bolha irá rebentar. Já estivemos mais longe de uma nova crise europeia. Por isso é que a saída do Reino Unido da União Europeia é cada vez menos uma hipótese e mais uma realidade.
Quem mais perderá com o Britexit?
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