16 de agosto de 2015

O negócio dos incêndios cheira a esturro !

Segundo se sabe, muito parcialmente, porque o Governo recusa prestar os esclarecimentos cabais dos contratos feitos com os respectivos privados, tem de fazer-se uma pergunta: segundo os 1.500 euros (mais IVA) à hora pagos a cada helicóptero privado, por acaso, não interessará a estas empresas, ou a quem os sub-contrata, que arda o maior número e a maior área de floresta possíveis e pelo maior período de tempo?

Isto é simples, é uma conta de mera aritmética: quanto mais fogos e mais tempo durarem os incêndios mais estas empresas privadas lucram!

O que nós sabemos é que estas empresas privadas que ainda há bem pouco tempo tinham que alugar os seus meios aéreos a empresas estrangeiras, agora já têm enormes frotas próprias de helicópteros, hangares e pavilhões seus, feitos novos e de raiz, e até já possuem aeródromos seus.



E nem falamos aqui de ex-ministros, secretários de estado e altos chefes de serviços públicos, ligados às florestas, à protecção civil e aos bombeiros, que adquiriram fortunas súbitas e que passaram ostentar sinais de riqueza fácil e recente de um dia para o outro.

E porque é que, afinal, o Estado não entrega a actividade e a função de apagar os fogos ao Exército e à Força Aérea, que é uma actividade fundamentalmente de Segurança e Defesa nacionais, tal qual como é o da protecção das nossas fronteiras, dos recursos marítimos ou do mar, ou, e não se vê qualquer diferença, como a da segurança interna pública de pessoas e bens?

Ora, se antes, aos finais dos anos 80, até era mesmo a Força Aérea que combatia com sucesso, aliás assinalável, os incêndios, e possuindo meios e gente formada para tal, que só custam a sua despesa de funcionamento, porque é que deixaram de o fazer e passou-se a entregar esta função, agora com lucros, aos privados?

E quem é que fiscaliza se estas empresas e os seus meios aéreos apagam competentemente os fogos? Se o fazem com a qualidade necessária? Ou se empregam todo o seu esforço e competência para tal?Como se fazem os contratos e como são avaliados os concurso? Etc., etc.

E porque é que os sucessivos Governos não mostram nem sequer publicamente os contratos e não revelam os seus contornos e, tão-pouco, mostram os valores pagos aos privados e os critérios para tanto?

Porque é que os sucessivos Governos têm cortado verbas na prevenção florestal, extinguiram a função de guardas florestais, ou não apoiando e incentivado os pequenos produtores florestais privados, portanto os maiores proprietários da mata nacional, para tratarem e cuidarem da sua florestas, ou tomarem-se medidas antecipadas para proteger e defender previamente as florestas e os recursos naturais?

Ou seja, porque é que o Governo não incentiva a protecção e cuidado com a floresta, ou seja prevenindo e diminuindo os fogos antes da época dos incêndios, mas, de ano para ano, e em vez da prevenção, cada vez mais gasta mais com meios e despesa no combate aos fogos que, continuam a piorar e cada vez mais destroem os recursos nacionais, encurta a floresta e empobrecem o país?

E porque é que a própria floresta da propriedade do Estado também está vetada ao seu completo abandono?

Já agora, a frota de 10 a 15 aviões canadair, meio essencial para combater os fogos e sempre reclamada pelos peritos e bombeiros, orçados em cerca de 200 milhões de euros, porque é que nunca foi adquirida e, ao invés, os Governos deixam a floresta nacional continua a ser destruída facilmente por esta grosseira e criminosa negligência?

Só no verão de 2013 terão ardido da floresta recursos equivalentes de mais de 100 milhões de euros.

Estas são demasiadas e sérias dúvidas, graves interrogações, muitas incertezas, demasiadas ambiguidades e muitas nuvens e, de certeza, permitindo-se demasiados e destrutivos fogos que ardem descontroladamente.

O que sabemos é o lucrativo é concessionado aos privados, mas tudo o que dá prejuízo é suportado pelo Estado e pelo dinheiro dos contribuintes.
Afinal, isto cheira mesmo muito a esturro!

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