«Sr. Presidente a sua hora está obviamente a chegar. diria mesmo que é já inevitável que o seu mandato comece ainda durante o ano de 2012. Se me permite deixarei aqui alguns conselhos para memória futura.
“First things first”! Para ser Presidente é necessário ganhar eleições, coisa que a história recente do nosso clube mostra poder ser a parte mais difícil da sua empreitada.
Comece por escolher bem a sua lista. Pense duas vezes antes de aceitar um nome que tenha associado a si a fama de um “passado glorioso” no clube, o brilho falso da mediatização, ou ainda a miragem do garante de alguns votos transportados de outros actos eleitorais. Pergunte a si mesmo como vão essas pessoas enquadrar-se no seu projecto, e o que podem elas trazer ao clube. Faça uma lista para cada nome e ao verifica-la vazia de conteúdo, descarte-os. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Rodeie-se de duas ou três pessoas da sua confiança pessoal e faça delas o seu núcleo duro. A sua equipa. Lembre-se que uma equipa é composta de pessoas que sabem trabalhar em conjunto. Não construa uma manta de retalhos. É esta equipa que vai definir a estratégia do clube para o futuro. Não se esqueça que é o Sr. Presidente o centro do projecto. Não receie ser visto como autoritário. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Para o resto das tarefas terá que encontrar bons profissionais com as competências técnicas necessárias. Vai precisar de um excelente financeiro, um director de comunicação incansável, astuto, e inteligente. Não escolha um “boy” para esta tarefa, ela é fundamental. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Lembre-se que o treinador não é parte da sua lista nem deverá ser exibido como trunfo de campanha. São vários os pilares deste argumento e o passado comprova-as. Aponto apenas um: Não queira ficar refém do seu treinador. O mesmo se aplica a jogadores. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Quando chegar à fase da campanha terá que se confrontar com os seus adversários. É possível que encontre vários. Podemos tentar desde já tipifica-los: Vai aparecer um candidato da “continuidade”, um ou dois totós, e talvez um parecido consigo. Obviamente só terá que se preocupar com o candidato da continuidade que tentará o impossível argumento do “ou nós ou o caos”, e o candidato parecido consigo. Este será mais perigoso, porque não é igual a si mas quer parecer se-lo aos olhos dos sócios. É aquele que se vai apelidar de “candidato do consenso”. Aqui será a sua habilidade natural, a clareza do seu projecto e o seu amor ao clube que marcarão as diferenças. Sobretudo não tente chamar para si o rótulo de consensual. Seja forte e consenso virá dos seus eleitores.
É muitíssimo provável que venha a sofrer ataques pessoais durante a campanha. Não tenha medo de reagir e aqui e ali “pagar com a mesma moeda”. Esta postura vai ser necessária no exercício das suas funções quando se confrontar com os nossos adversários extra-muros. Comece a treina-la desde já. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Por ultimo mas não menos importante em todo o processo eleitoral, certifique-se que as eleições são devidamente fiscalizadas. Não preciso de elaborar mais neste ponto. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Quando ganhar as eleições não se esforce demasiado em apaziguar os sócios e tentar uni-los no seu discurso de vitória. A confiança daqueles que não votaram em si virá a obte-la por actos e não por palavras. Foque a sua energia no essencial. Não tenha medo de centralizar. Será preciso ter uma imagem forte para o exterior. Ao contrário dos seus antecessores tente ser forte para fora primeiro. Verá que o esforço de o fazer para dentro será infinitamente menor. Isto permitirá silenciar a enorme quantidade de papagaios que opinam sobre a vida do nosso clube. Verá que terão muito menos para dizer. À medida que o tempo passar e o seu mandato se fortalecer terá duas tarefas importantes: Alterar os estatutos para esbater de forma muito significativa a diferença do numero de votos por cada sócio; Extinguir o Conselho Leonino. Trata-se de um órgão desestabilizador do clube e que promove um elitismo não compatível com a realidade actual dos nossos tempos.
Na gestão do dia a dia preocupe-se com 4 pilares:
- Gestão Desportiva
- Gestão Financeira
- Comunicação
- Arbitragem
Para cada um deles tenha a sua agenda privada – aquela que discute com o seu núcleo duro e que lhe permite projectar o clube a um horizonte de 3-4 anos; e a sua agenda publica aquela que comunica ao exterior numa base regular e que é um “reflexo filtrado” da primeira.
Analisemos brevemente cado um deste pilares:
Gestão Desportiva: Vai depender muito do estado em que encontrar o clube. Mas algumas linhas são fundamentais. Tirar dividendos (desportivos e financeiros) da nossa formação. Encontrar uma equipa técnica reconhecidamente competente e gastar muito bem o dinheiro que tem disponível em aquisições, reduzindo o seu numero e aumentando a qualidade. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Gestão Financeira. Aqui vai ter que ter o apoio da sua equipa de profissionais nesta área para que consiga estancar o aumento da divida e a comece a reduzir. Renegociações, fundos de jogadores, novas fontes de receita e maximização das actuais serão os chavões, mas imaginação e competência ditarão as melhores soluções. Não descarte a realização de uma verdadeira auditoria de gestão às anteriores direcções. Se as puder acusar e recuperar algum dinheiro com isso, ele será sempre benvindo. Não tenha medo da pressão dos bancos. Lembre-se: Quando se devem milhões de Euros o problema também é do banco, não é só nosso.
Comunicação. É extremamente importante. O nosso clube tem um peso quase nulo entre os fazedores de opinião desportiva em Portugal e consequentemente no estrangeiro. Isto trás.nos custos desportivos e financeiros elevadíssimos. Veja-se os valores pelos quais alguns jogadores banais dos nossos adversários têm sido vendidos e calcule-se a quota parte que a comunicação social teve no processo. Como é preciso começar por algum lado sugiro o “despedimento” de todos os nossos paineleiros em programas de TV e colunistas de jornais, e sua substituição por pessoas conhecedoras da realidade desportiva do país e que mordam os calcanhares aos comentadores rivais. Se não se lembrar de ninguém sugiro que contacte meia dúzia de cronistas da nossa blogosfera que não tenham vergonha de sair do anonimato.
A seguir passe-se à fase de influenciar o que se escreve nos jornais e diz na rádio, não dando quartel a cronistas bacocos dos nossos rivais e a jornalistas a soldo de terceiros.
O projecto de televisão pode ser interessante mas não é prioritário se a nossa comunicação funcionar bem noutros canais.
A seguir passe-se à fase de influenciar o que se escreve nos jornais e diz na rádio, não dando quartel a cronistas bacocos dos nossos rivais e a jornalistas a soldo de terceiros.
O projecto de televisão pode ser interessante mas não é prioritário se a nossa comunicação funcionar bem noutros canais.
Arbitragem. Sem medo de chamar os bois pelos nomes, assuma pelo menos no seu nucleo duro que as arbitragens são influenciáveis. Estude os seus meandros de ponta-a-ponta e torne-se um mestre na matéria. Saiba quem são os observadores de árbitros com quem estes almoçam, jantam etc… Faça o mesmo com os senhores do apito. Não tenha receio de os zangar, pior não podemos ficar. Neste assunto tenha sempre presente uma máxima importante: Não use armas inferiores às dos nossos rivais. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Mais há a dizer sobre estes quatro pilares, talvez numa próxima carta. Para já lembre-se apenas que “First Things First”!
Apresente e cumpra este projecto. Saiba comunica-lo bem e os poucos votos que os meus 10 anos de sócio me conferem irão direitinhos para si.»
Com a devida vénia ao melhor sítio da blogosfera leonina:
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