29 de novembro de 2012
28 de novembro de 2012
Estratégia
Carta aberta ao próximo Presidente do Sporting Clube de Portugal
«Sr. Presidente a sua hora está obviamente a chegar. diria mesmo que é já inevitável que o seu mandato comece ainda durante o ano de 2012. Se me permite deixarei aqui alguns conselhos para memória futura.
«Sr. Presidente a sua hora está obviamente a chegar. diria mesmo que é já inevitável que o seu mandato comece ainda durante o ano de 2012. Se me permite deixarei aqui alguns conselhos para memória futura.
“First things first”! Para ser Presidente é necessário ganhar eleições, coisa que a história recente do nosso clube mostra poder ser a parte mais difícil da sua empreitada.
Comece por escolher bem a sua lista. Pense duas vezes antes de aceitar um nome que tenha associado a si a fama de um “passado glorioso” no clube, o brilho falso da mediatização, ou ainda a miragem do garante de alguns votos transportados de outros actos eleitorais. Pergunte a si mesmo como vão essas pessoas enquadrar-se no seu projecto, e o que podem elas trazer ao clube. Faça uma lista para cada nome e ao verifica-la vazia de conteúdo, descarte-os. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Rodeie-se de duas ou três pessoas da sua confiança pessoal e faça delas o seu núcleo duro. A sua equipa. Lembre-se que uma equipa é composta de pessoas que sabem trabalhar em conjunto. Não construa uma manta de retalhos. É esta equipa que vai definir a estratégia do clube para o futuro. Não se esqueça que é o Sr. Presidente o centro do projecto. Não receie ser visto como autoritário. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Para o resto das tarefas terá que encontrar bons profissionais com as competências técnicas necessárias. Vai precisar de um excelente financeiro, um director de comunicação incansável, astuto, e inteligente. Não escolha um “boy” para esta tarefa, ela é fundamental. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Lembre-se que o treinador não é parte da sua lista nem deverá ser exibido como trunfo de campanha. São vários os pilares deste argumento e o passado comprova-as. Aponto apenas um: Não queira ficar refém do seu treinador. O mesmo se aplica a jogadores. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Quando chegar à fase da campanha terá que se confrontar com os seus adversários. É possível que encontre vários. Podemos tentar desde já tipifica-los: Vai aparecer um candidato da “continuidade”, um ou dois totós, e talvez um parecido consigo. Obviamente só terá que se preocupar com o candidato da continuidade que tentará o impossível argumento do “ou nós ou o caos”, e o candidato parecido consigo. Este será mais perigoso, porque não é igual a si mas quer parecer se-lo aos olhos dos sócios. É aquele que se vai apelidar de “candidato do consenso”. Aqui será a sua habilidade natural, a clareza do seu projecto e o seu amor ao clube que marcarão as diferenças. Sobretudo não tente chamar para si o rótulo de consensual. Seja forte e consenso virá dos seus eleitores.
É muitíssimo provável que venha a sofrer ataques pessoais durante a campanha. Não tenha medo de reagir e aqui e ali “pagar com a mesma moeda”. Esta postura vai ser necessária no exercício das suas funções quando se confrontar com os nossos adversários extra-muros. Comece a treina-la desde já. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Por ultimo mas não menos importante em todo o processo eleitoral, certifique-se que as eleições são devidamente fiscalizadas. Não preciso de elaborar mais neste ponto. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Quando ganhar as eleições não se esforce demasiado em apaziguar os sócios e tentar uni-los no seu discurso de vitória. A confiança daqueles que não votaram em si virá a obte-la por actos e não por palavras. Foque a sua energia no essencial. Não tenha medo de centralizar. Será preciso ter uma imagem forte para o exterior. Ao contrário dos seus antecessores tente ser forte para fora primeiro. Verá que o esforço de o fazer para dentro será infinitamente menor. Isto permitirá silenciar a enorme quantidade de papagaios que opinam sobre a vida do nosso clube. Verá que terão muito menos para dizer. À medida que o tempo passar e o seu mandato se fortalecer terá duas tarefas importantes: Alterar os estatutos para esbater de forma muito significativa a diferença do numero de votos por cada sócio; Extinguir o Conselho Leonino. Trata-se de um órgão desestabilizador do clube e que promove um elitismo não compatível com a realidade actual dos nossos tempos.
Na gestão do dia a dia preocupe-se com 4 pilares:
- Gestão Desportiva
- Gestão Financeira
- Comunicação
- Arbitragem
Para cada um deles tenha a sua agenda privada – aquela que discute com o seu núcleo duro e que lhe permite projectar o clube a um horizonte de 3-4 anos; e a sua agenda publica aquela que comunica ao exterior numa base regular e que é um “reflexo filtrado” da primeira.
Analisemos brevemente cado um deste pilares:
Gestão Desportiva: Vai depender muito do estado em que encontrar o clube. Mas algumas linhas são fundamentais. Tirar dividendos (desportivos e financeiros) da nossa formação. Encontrar uma equipa técnica reconhecidamente competente e gastar muito bem o dinheiro que tem disponível em aquisições, reduzindo o seu numero e aumentando a qualidade. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Gestão Financeira. Aqui vai ter que ter o apoio da sua equipa de profissionais nesta área para que consiga estancar o aumento da divida e a comece a reduzir. Renegociações, fundos de jogadores, novas fontes de receita e maximização das actuais serão os chavões, mas imaginação e competência ditarão as melhores soluções. Não descarte a realização de uma verdadeira auditoria de gestão às anteriores direcções. Se as puder acusar e recuperar algum dinheiro com isso, ele será sempre benvindo. Não tenha medo da pressão dos bancos. Lembre-se: Quando se devem milhões de Euros o problema também é do banco, não é só nosso.
Comunicação. É extremamente importante. O nosso clube tem um peso quase nulo entre os fazedores de opinião desportiva em Portugal e consequentemente no estrangeiro. Isto trás.nos custos desportivos e financeiros elevadíssimos. Veja-se os valores pelos quais alguns jogadores banais dos nossos adversários têm sido vendidos e calcule-se a quota parte que a comunicação social teve no processo. Como é preciso começar por algum lado sugiro o “despedimento” de todos os nossos paineleiros em programas de TV e colunistas de jornais, e sua substituição por pessoas conhecedoras da realidade desportiva do país e que mordam os calcanhares aos comentadores rivais. Se não se lembrar de ninguém sugiro que contacte meia dúzia de cronistas da nossa blogosfera que não tenham vergonha de sair do anonimato.
A seguir passe-se à fase de influenciar o que se escreve nos jornais e diz na rádio, não dando quartel a cronistas bacocos dos nossos rivais e a jornalistas a soldo de terceiros.
O projecto de televisão pode ser interessante mas não é prioritário se a nossa comunicação funcionar bem noutros canais.
A seguir passe-se à fase de influenciar o que se escreve nos jornais e diz na rádio, não dando quartel a cronistas bacocos dos nossos rivais e a jornalistas a soldo de terceiros.
O projecto de televisão pode ser interessante mas não é prioritário se a nossa comunicação funcionar bem noutros canais.
Arbitragem. Sem medo de chamar os bois pelos nomes, assuma pelo menos no seu nucleo duro que as arbitragens são influenciáveis. Estude os seus meandros de ponta-a-ponta e torne-se um mestre na matéria. Saiba quem são os observadores de árbitros com quem estes almoçam, jantam etc… Faça o mesmo com os senhores do apito. Não tenha receio de os zangar, pior não podemos ficar. Neste assunto tenha sempre presente uma máxima importante: Não use armas inferiores às dos nossos rivais. Aprenda com os erros feitos por outros no passado.
Mais há a dizer sobre estes quatro pilares, talvez numa próxima carta. Para já lembre-se apenas que “First Things First”!
Apresente e cumpra este projecto. Saiba comunica-lo bem e os poucos votos que os meus 10 anos de sócio me conferem irão direitinhos para si.»
Com a devida vénia ao melhor sítio da blogosfera leonina:
25 de novembro de 2012
24 de novembro de 2012
"Não há nada de mais belo do que distribuir a felicidade por muitas pessoas."
"Tenho paciência e penso:todo o mal traz consigo algum bem."
18 de novembro de 2012
Cartaz 1º Dezembro
MANIFESTO DO 1º DE DEZEMBRO
Veja quem subscreve o Patamar Simbólico | |
MANIFESTO DO 1º DE DEZEMBRO, DIA DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL
Viva Portugal! Viva a Restauração!
Não há mais importante para uma Nação do que a sua independência. Não há mais importante para um povo do que a sua liberdade.
Por isso, o 1º de Dezembro é o mais importante de todos os feriados nacionais. O 1º de Dezembro é o feriado sine quod non, o feriado nacional sem o qual nenhum outro existiria. Se não fosse o dia 1 de Dezembro, estaríamos condenados a comemorar o Dia da Hispanidade como “dia nacional” e em nenhum dia seríamos livres de celebrar Portugal.
Poderíamos festejar a independência e a liberdade com referência a um dos factos relevantes da fundação da nacionalidade no século XII ou com relação a algum dos momentos críticos e dramáticos da crise do interregno no século XIV. Mas desde há século e meio que escolhemos colectivamente celebrá-las com referência à data em que recuperámos a independência pátria, ao fim de sessenta anos de a termos perdido: a Restauração de 1640.
Poderíamos festejar a independência e a liberdade com referência a um dos factos relevantes da fundação da nacionalidade no século XII ou com relação a algum dos momentos críticos e dramáticos da crise do interregno no século XIV. Mas desde há século e meio que escolhemos colectivamente celebrá-las com referência à data em que recuperámos a independência pátria, ao fim de sessenta anos de a termos perdido: a Restauração de 1640.
Por isso, o 1º de Dezembro é o mais antigo dos nossos feriados civis e o mais alto dos feriados patrióticos. Consolidou-se como marco pacífico da nossa vivência nacional e do nosso convívio colectivo. Atravessou regimes e mudanças políticas e sociais. Estabeleceu-se como facto do mais alto significado, que não podemos interromper, nem quebrar.
Este marco foi afirmado na linha do Manifesto que, em 1861, um punhado de quarenta patriotas, com Alexandre Herculano à cabeça da lista, lançou à consciência nacional para empreender as primeiras comemorações solenes, a partir da Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640, antecessora da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. Hoje, poderíamos escrever muitas das palavras por que esses patriotas despertaram o espírito nacional:
«O povo portuguez, seguro da sua existência nacional, e cônscio dos imprescríptiveis direitos em que ella assenta, sem ter esquecido as heróicas acções com que seus antepassados conquistaram e mantiveram a independência da pátria, havia quasi apagado, pelo seu caracter humano e pacifico, a recordação pública de cruentas pelejas, que foram mais um desengano, entre tantos que a história accumula, de que a força e a ambição, por si sós, não lograram no mundo triumphos duradouros.» (…)
«Precisávamos, portanto, expor claramente a opinião unânime do povo portuguez, e assegurar aos homens e aos governos que se interessam no melhor regimento da família européa, que é ânimo e deliberação nossa defender a integridade do território que possuímos, não acceitando aggregações incongruentes com o caracter e tradições nacionais, e que nos empenhamos, quanto cabe em nossas faculdades e nol-o permittem os obstáculos da governação que todos os povos têm encontrado nos aperfeiçoamentos sociaes, por sermos dignos de fazer parceria com as nações civilisadas, tanto pelos nossos feitos passados como pela nossa vida contemporânea.»
«Precisávamos, portanto, expor claramente a opinião unânime do povo portuguez, e assegurar aos homens e aos governos que se interessam no melhor regimento da família européa, que é ânimo e deliberação nossa defender a integridade do território que possuímos, não acceitando aggregações incongruentes com o caracter e tradições nacionais, e que nos empenhamos, quanto cabe em nossas faculdades e nol-o permittem os obstáculos da governação que todos os povos têm encontrado nos aperfeiçoamentos sociaes, por sermos dignos de fazer parceria com as nações civilisadas, tanto pelos nossos feitos passados como pela nossa vida contemporânea.»
No ataque de agora ao 1º de Dezembro, ouve-se comentar, em sussurros cúmplices, que, em tempo de União Europeia, “não fica bem” acentuar a independência nacional e celebrar uma vitória política e militar sobre a vizinha Espanha. Dizemos, sem hesitar, que é exactamente ao contrário.
Nada nos move contra a vizinha Espanha, com que desejamos viver em paz e boa cooperação, como Estados independentes, hoje unidos no mesmo projecto europeu. Basta-nos citar as palavras de Herculano e do Manifesto dos Quarenta, em 1861:
«Portugal, avivando e celebrando com mais solemnidade o anniversário da reconquista da sua Independência em 1640, nem pretende ferir o pundonor da briosa nação hespanhola, nossa amiga e alliada, nem resuscitar os ódios que outr’ora inimisaram os dois povos convisinhos.
Não quer reptál-a. Não leva a mão á espada. Unicamente aponta para o seu direito, e diz á Europa que está decidido a defendêl-o.»
Não quer reptál-a. Não leva a mão á espada. Unicamente aponta para o seu direito, e diz á Europa que está decidido a defendêl-o.»
Ao preservarmos e valorizarmos o dia em que celebramos, com Portugal inteiro, a Independência Nacional, aproximamo-nos - não nos afastamos - da esmagadora maioria dos Estados que compõem a União Europeia. Dos vinte e sete Estados-membros, são dezoito aqueles cujo Dia Nacional - o feriado civil mais importante - assinala a respectiva independência ou fundação. Dos nove que restam: uns são monarquias, em que o dia nacional corresponde ao aniversário oficial do Rei ou Rainha, símbolo vivo da própria individualidade nacional; outros, trata-se de países que nunca tiveram aqueles marcos, porque foi outra a História da formação dos respectivos Estados, como Áustria, Espanha, França ou Itália; e, mesmo entre estes, outros feriados há que celebram datas de libertação nacional e, às vezes, em dobro, como é o caso de França, Itália e Holanda. A única excepção na UE-27 é a Irlanda, cujo Dia Nacional é religioso, o Saint Patrick’s, símbolo universal da identidade irlandesa. Se Portugal abolisse o feriado da independência, tornar-se-ia no único Estado-membro da União Europeia que, tendo conquistado a independência nacional e assinalando-a em feriado nacional, o apagaria da memória e do calendário oficiais. Pior seria impossível.
O 1º de Dezembro não é moeda de troca de negociações financeiras ou laborais - para tudo isso, na delicada situação do país, é possível e necessário encontrar melhores alternativas. O 1º de Dezembro é uma escolha patriótica e uma decisão nacional inapagável.
Acabar com o feriado do 1º de Dezembro seria atacar da pior forma a independência nacional de Portugal: seria feri-la no seu próprio espírito. Quando alguns falam de que Portugal caiu numa situação de “protectorado” e o quadro de endividamento diminui a liberdade de decisão de Portugal, não é tempo de apagar o espírito, a vontade e o brio da independência nacional - bem ao contrário, é o tempo de os celebrar, exaltar e fortalecer.
O dia em que assinalamos a nossa independência nacional, a data em que festejamos a nossa liberdade como povo liberto do jugo estrangeiro é o dia mais importante da nossa vida colectiva.
Aqui, não somos de esquerda, nem de direita - somos portugueses. Não somos da República, nem da Monarquia - somos por Portugal. O 1º de Dezembro a todos nos une e reúne. O 1º de Dezembro convoca-nos.
Lisboa, 5 de Março de 2012
Adalberto NEIVA DE OLIVEIRA (advogado, gestor)
Alexandre PATRÍCIO GOUVEIA (economista, gestor de empresas)
Aline GALLASCH-HALL (professora universitária, investigadora)
António MENEZES CORDEIRO (advogado, jurisconsulto e árbitro, professor catedrático)
António PINTO DA FRANÇA (diplomata)
Augusto CID (cartoonista)
Diogo FREITAS DO AMARAL (professor universitário, ex-vice-primeiro-ministro e ex-ministro, jurisconsulto)
Eugénio RIBEIRO ROSA (médico, presidente do Conselho Supremo da Sociedade Histórica da Independência de Portugal)
Filipe SOARES FRANCO (empresário)
Francisco de Bragança VAN UDEN (gestor)
Gonçalo PORTOCARRERO DE ALMADA (sacerdote católico)
Hélio LOUREIRO (cozinheiro, chef)
Henrique MOTA (livreiro, editor)
Isabel PONCE DE LEÃO (professora catedrática)
Jaime NOGUEIRA PINTO (professor universitário, escritor)
João Bosco MOTA AMARAL (deputado, ex-Presidente da Assembleia da República)
João BRAGA (cantor, agente cultural)
João Luís MOTA DE CAMPOS (advogado, ex-secretário de Estado)
Jorge RANGEL (professor do ensino superior, presidente do IIM - Instituto Internacional de Macau)
Jorge MIRANDA (professor universitário, jurisconsulto)
José ALARCÃO TRONI (advogado, presidente da direcção da Sociedade Histórica da Independência de Portugal)
José BAPTISTA PEREIRA (tenente-general piloto aviador, presidente da mesa da Assembleia Geral da Sociedade Histórica da Independência de Portugal)
José GARCIA LEANDRO (general do Exército, curador e administrador da Fundação Jorge Álvares, ex-governador de Macau)
João José BRANDÃO FERREIRA (tenente-coronel piloto-aviador, piloto)
José LAMEGO (advogado, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, ex-secretário de Estado)
José LOUREIRO DOS SANTOS (general do Exército)
José RIBEIRO E CASTRO (advogado, deputado, presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, ex-secretário de Estado)
Leonardo MATHIAS (embaixador jubilado, ex-secretário de Estado)
Manuel TAVARES (jornalista, director do “Jornal de Notícias”)
Margarida GONÇALVES NETO (médica psiquiatra)
Maria Miguel SANTOS SILVA (licenciada em Direito, directora da Escola “Ave-Maria”)
Matilde SOUSA FRANCO (museóloga, historiadora)
Nicolau SANTOS (jornalista, director-adjunto do “Expresso”)
Nuno VIEIRA MATIAS (almirante)
Octávio RIBEIRO (jornalista, director do “Correio da Manhã”)
Pedro QUARTIN GRAÇA (advogado, docente universitário)
Raquel HENRIQUES (professora de História, historiadora)
Renato EPIFÂNIO (professor universitário, presidente do MIL - Movimento Internacional Lusófono)
Ricardo SÁ FERNANDES (advogado, ex-secretário de Estado)
Rui PENA (advogado, ex-ministro)
11 de novembro de 2012
7 de novembro de 2012
6 de novembro de 2012
Mudem a Constituição mas esqueçam os partidos
A Islândia afundou, refundou o Estado e voltou. A banca e os políticos deixaram de ser de confiança
Primeiro, os 320 mil habitantes da ilha perceberam que o poder político e financeiro não é de fiar. Só 11% do eleitorado confiam no Parlamento, pouco mais do que nos bancos (6%) e a milhas da polícia (80%). Como quase todos falharam (menos a polícia), há urgência em rever a Constituição.
O texto é popular, feito à medida de três centenas de milhares de pessoas, mas é fabuloso nas suas certezas. Recursos naturais? São inalienáveis. Exploração de bens do Estado? Só com prazos bem definidos. Compadrio no governo? "Os ministros só podem nomear com recomendação de um comité independente. Segredos de Estado? Só os essenciais, porque o resto da informação "deve estar disponível sem barreiras a todos e a lei deve assegurar o acesso às informações do Estado", escreve Thorvaldur Gylfason em From Crisis to Constitution.
Escaldados com a crise, os islandeses também retiraram do texto todos os predicados financeiros. Não há nada na Constituição que ponha limites quantitativos à dívida e ao défice, sabendo eles que todas as previsões económicas são frágeis e falíveis. Melhor: não faltam artigos constitucionais relacionados com a liberdade de informação, acesso a dados e nomeação de cargos, mas só lá estão para prevenir que uma nova crise aconteça. Não há bancos nem referência a instituições financeiras - não vale a pena pôr no texto magno o que vai de certeza falir.
A experiência é limitada na dimensão mas útil neste debate para afundar - desculpem, refundar - o Estado. A Islândia parte do que será o nosso pressuposto daqui a uns anos: todo o poder político falha e o poder financeiro tem interesse próprios. Os dois raramente se coadunam com o interesse público e não há mal nenhum nisso: só é preciso perceber que não podemos estar nas mãos dos dois.
A nova Islândia não é de esquerda nem de direita: é coletiva e avessa a desvarios capitalistas. A legitimidade e a organização social vêm de baixo, não são impostas. Houve pobreza e falências, contas vazias e investidores zangados, mas no fim, a Islândia está a dar a volta. Há vida para além do défice.
"Não é possível" resolver problemas complexos "em democracia"
1 de novembro de 2012
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