Isabel dos Santos garantiu, em entrevista ao Financial Times, que o sucesso profissional que já atingiu nada tem a ver com o seu pai, o presidente de Angola, e que "faz negócios e não política". Contudo, é vaga em relação às ligações que tem à Sonangol e a Américo Amorim através da Galp.
“Há muitas pessoas com ligações familiares, mas que hoje não são ninguém. Se for trabalhador e determinado vai ter sucesso e isso é o principal. Não acredito em caminhos fáceis", disse. Aliás, durante a entrevista que deu ao Financial Times - um almoço com Tom Burgis concedido após um ano de insistência - Isabel dos Santos mostrou ser bastante dedicada aos negócios e ao trabalho. "Estou sempre a trabalhar, sete dias por semana".
E acrescenta: "O meu trabalho é divertido. Quando fazes uma coisa que dá um emprego a alguém, e que esse alguém vai conseguir pagar a escola do filho e depois o filho vai poder ser um médico que vai ajudar muitas outras pessoas, isso é muito motivante. Muito mais divertido do que ir para a praia".
Aliás, dos Santos garante que, apesar do seu pai ser presidente de Angola, faz "negócios e não política". "Nunca tive um emprego na administração pública. Não trabalho com o Governo", disse. E acrescenta: "Tenho negócios desde muito cedo. Aos seis anos vendia ovos de galinha".
No almoço - a já conhecida rubrica "Lunch with the FT" -, a empresária que, em Portugal, é acionista da Zon, do BPI, do BIC e da Galp, e que recentemente foi considerada pela Forbes como a mulher mais rica de África, foi, contudo, vaga quando questionada sobre a ligação à Sonangol e a Américo Amorim através da Galp.
"O negócio é relativamente complexo porque, quando se estrutura um negócio tens de olhar para vários aspectos, desde a legislação aos impostos, ao governo da sociedade, coisas desse género", disse. No entanto, não nega que a indústria do petróleo não é politicamente independente, apesar de garantir, insistentemente, que sempre se afastou disso que nos seus negócios "não entra a política".
Isabel dos Santos, que escolheu almoçar no Scott's, um restaurante em Londres frequentado por personalidades como Tom Cruise ou Bill Clinton, - e cuja conta ficou a 177,47 libras (mais ou menos 210,44 euros) - falou ainda da situação em Angola e disse ter interesse em combater as desigualdades existentes.
"Como é que baixamos as desigualdades? Criando oportunidades e cada vez mais desenvolvimento. Acordas de manhã e vais trabalhar, fazer alguma coisa. Demora muito tempo, mas quanto mais coisas acontecem, mais coisas são construídas".
Dinheiro Vivo